quarta-feira, junho 21, 2006

As conseqüências de nossos atos

Buenas,

Vi recentemente dois filmes interessantes - completamente diferentes - mas com o mesmo tema como premissa básica do roteiro: lidar com as conseqüências dos nossos atos.
Os Três Enterros de Melquiades Estrada é um filme dirigido e estrelado por Tommy Lee Jones, sobre o assassinato de um mexicano ilegal numa cidade de fronteira dos Estados Unidos. Tommy Lee Jones faz o papel do melhor amigo de Melquiades, que é morto acidentalmente por um policial de fronteira. Como o amigo é ilegal e o assassino é policial, a polícia decide não lidar com o caso. Nesse momento o personagem de Tommy Lee resolve atender um pedido do amigo – ser enterrado em sua terra natal no México – e, ao mesmo tempo, vingar a sua morte. Para isso ele seqüestra o policial de fronteira e o leva numa jornada até a terra natal de Melquiades.
O filme é bastante violento e seco. A vida na cidade de fronteira dos Estados Unidos com o México é retratada de uma forma muito realista e bastante dura e crua. São almas perdidas num limbo, os americanos “white-trash” – como o policial de fronteira -, considerados sub-americanos pela elite da nação, e os mexicanos, considerados sub-raça pelos americanos em geral e pelos “white-trash”. Essa mistura torna-se quase tóxica.
A lição final do policial (e do público) é que nossos atos têm conseqüências e que devemos lidar com elas. O que nos traz ao segundo filme. Muito diferente do filme americano, o filme francês Caché (que significa ‘escondido’ em português) também lida com essa premissa, mas de forma muito diferente.
Em Caché, um casal francês de classe média-alta, que vive em uma bela casa com seu filho adolescente, começa a receber estranhas fitas de vídeo, nas quais vêem sua casa sendo vigiada dia e noite. Os ótimos atores Juliette Binoche e Daniel Auteuil fazem do filme ainda mais convincente e impactante
O filme é muito bem feito e deixa mais perguntas do que respostas na cabeça do espectador. Na hora saí com uma interrogação na testa, mas depois fiquei feliz porque um filme que nos deixa perguntas, ativa nossa imaginação, criatividade e inteligência e nos faz lembrar dele em horas inusitadas e durante muito tempo. Eu considero essa uma sensação muito boa.
Achando que as fitas de vídeo são relacionadas com um segredo de seu passado, o marido se sente perseguido por algo que fez durante a sua infância, sente que sempre vai carregar alguma culpa como conseqüência de um ato infantil. Na verdade, o filme nunca confirma as nossas e as expectativas dos personagens, deixando muito para a imaginação. (se não quiser estragar o final, não leia as próximas duas linhas)
Muitas questões ficam no ar: Quem fez as fitas? O filho já sabia? O que ele sabia? Será que foi só o que ele contou que aconteceu mesmo?
No final, é interessante pensar que o filme não acaba quando saímos do cinema e que há ainda inúmeras possibilidades, parece que irá continuar. E como todo bom filme, só continua na nossa cabeça.
That’s all!
See ya!

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