quarta-feira, fevereiro 28, 2007

Oscar Report – Pequenas crianças e pecados íntimos


Buenas,

Sabe o que dá o cruzamento da série de televisão Desperate Housewives com o filme Beleza Americana (American Beauty, EUA - 1999)? Sim, a resposta é o bacaninha Pecados Íntimos (Little Children, EUA, 2006) do ator/ diretor Todd Field, estrelado pela ótima Kate Winslet, que concorreu ao Oscar de melhor atriz pelo papel. O filme começa e se desenvolve muito bem, num ambiente de Desperate e com uma narração muito similar, mas com os valores de Beleza Americana.

Winslet interpreta uma dona de casa e mãe frustrada em um subúrbio de classe média americano que se envolve com um pai também frustrado por diferentes razões. Ela é uma mulher inteligente e irônica que precisa lidar diariamente com a filha mimada e as donas de casa medíocres do bairro. Ele, um bonitão que não deu certo na carreira e vive do dinheiro da mulher, controlado por ela, sem saber que rumo dar à sua vida. Os dois se encontram no parquinho e na piscina pública e acabam desenvolvendo uma amizade que vira um caso.

Paralelamente, eles não só precisam lidar com seus filhos e respectivos esposos, mas também com os vizinhos metidos, alguns quase psicóticos, como um ex-policial, e com o fato de um pedófilo ter voltado a morar na comunidade, na casa da mãe, após cumprir sua pena. Tudo isso se mistura em uma história que é crítica e sensível e tinha tudo para dar certo como uma bela visão da hipocrisia suburbana americana.

** SPOILER ALERT – Alerta para quem não quer saber sobre o final do filme **

No entanto, however, porém, todavia, o filme desanda no final. Começam a acontecer coisas que não são plausíveis para aqueles personagens, que os atores só estão fazendo porque está escrito no roteiro.

Por exemplo, quando a personagem de Winslet vê o pedófilo na piscina pública, durante o dia onde há dezenas de pessoas por perto, ela expressa medo e segura sua filha no colo, como se a estivesse protegendo. Mas perto do final do filme, ela leva a filha a um parquinho à noite, onde está tudo deserto, quando chega o pedófilo chorando e senta num banquinho. Sério, ela iria se aproximar do cara que tem medo, á noite, sozinha, pra perguntar se está bem se não estivesse escrito no roteiro?

Ou o ex-policial teria ido até o parquinho e encontrado o pedófilo se não estivesse escrito no roteiro? Ele foi procurar o cara na casa dele, não encontrou então foi diretamente para o parquinho, sem saber se o cara estaria lá, foi sorte?

Esse tipo de incongruência aparece quando o roteiro não flui, quando a história é forçada a tomar um caminho que não é natural. E o final é justamente isso, um pastiche politicamente correto que não combina com o resto do filme. Todo mundo se redime de seus “pecados”. Bleargh

See ya!

Oscar Report – A busca da felicidade é cheia de desgraças


Buenas,

Outro que concorreu ao Oscar de melhor ator, mas não ganhou, foi Will Smith no papel de Chris Gardner em À Procura da Felicidade (The Pursuit of Hapyness, EUA, 2006). O filme é baseado na história real de um vendedor de São Francisco que, no final dos anos 70 e início dos 80, passa por dificuldades financeiras, ao mesmo tempo em que sua mulher o abandona com o filho pequeno.

Típico filme “auto-ajuda”, Procura mostra uma história de superação, com o personagem principal passando por todos os tipos de provação antes de conseguir se estabelecer financeiramente, tudo isso enquanto cria seu filho sozinho. Supostamente é pra todo mundo chorar no final, mas eu já queria chorar antes da metade do filme.

Dirigido pelo italiano Gabriele Muccino (o mesmo do bom, porém angustiante filme L’Ultimo baccio de 2001), o filme mostra como Gardner usou criatividade e jogo de cintura para superar inúmeras dificuldades. E são inúmeras, incontáveis. Durante as duas longas horas de filme, o cara passa por tudo o que um ser humano é e não é capaz de passar. Muccino transforma a história de superação em algo tão pesado e angustiante que quase saí no meio do filme porque não agüentava mais ver tanta desgraça acontecendo com o cara.

** SPOILER ALERT – Alerta para quem não quer saber sobre o final do filme **

Claro, qualquer um de sabe algo sobre o filme, sabe que o cara se dá bem no final. Só que essa parte não é mostrada. Procura acaba quando oferecem um emprego à Gardner, como se só isso resolvesse todos os problemas da sua vida. Não há nenhuma colher de chá para os espectadores, é só desgraça e, a partir do emprego, a gente supõe que ele tenha se dado bem. Mas como é que o cara que foi tão azarado por tanto tempo (porque não só ele tinha problemas financeiros, mas ele só tinha problemas, o cara era um ímã de azar) resolve tudo com uma oferta de emprego? Sei lá, ficou faltando alguma coisa.

See ya!!

terça-feira, fevereiro 27, 2007

Oscar Report – Helen Mirren faz bonito como Elizabeth II


Buenas,

O Oscar já passou, mas continuo comentando filmes indicados e premiados, como é o caso de A Rainha (The Queen, UK – 2006), que traz Helen Mirren no papel da soberana inglesa na época da morte da princesa Diana, mostrando os bastidores do governo inglês lidando com a tragédia.

Acho que uma das coisas mais difíceis de se fazer é interpretar uma pessoa contemporânea, que está viva (uma coisa é biografia de Mozart, ninguém vai saber se é fiel à pessoa ou não) e ainda alguém tão famoso como a atual rainha da Inglaterra. Por isso achei o prêmio de melhor atriz de Helen Mirren merecido, assim como foi o de Jamie Foxx por interpretar Ray Charles, há dois anos.

Com base nos fatos reais que giraram em torno da morte da princesa Diana, Stephen Frears dirige um filme coeso e instigante, mostrando o ponto de vista da família real. Além de entrar na intimidade de uma família que todos gostariam de conhecer, o filme também mostra o choque de valores da rainha com os do povo e do novo primeiro ministro, Tony Blair. Aliás, Michael Sheen também está perfeito no papel de Blair.

Pessoalmente, eu gostei muito da rainha. Talvez porque eu seja uma das poucas pessoas no mundo que não consigam entender a fascinação das pessoas com a princesa Diana. Nunca ficou claro o que ela realmente fez de bom pra humanidade e a morte dela não causou impacto nenhum na minha vida. E coincide que a visão que eu sempre tive dela é a mesma que a família real inglesa tem, de acordo com esse filme.

Com boas interpretações, roteiro preciso e agradáveis 100 minutos de duração, o filme é um oásis no meio de tantas super-mega-hiper-produções americanas longuíssimas e incoerentes.

See ya!!

segunda-feira, fevereiro 26, 2007

Oscar Report - A noite de Marty Scorsese!!!


Buenas,


Ontem, graças a um bom livro que eu estou lendo (Desvarios no Brooklin de Paul Auster) consegui sobreviver à cerimônia inteira de entrega dos prêmios Oscar. Graças a Deus pela tecla SAP, consegui ouvir o som original! Mas a festa é muito longa, cheia de montagens e homenagens que só interessam aos membros da Academia, portanto uma premiação um tanto quanto penosa de assistir todos os anos, pois a nós mortais só interessam os prêmio sobre os quais entendemos - filme, música, direção, cinematografia, atuações.


Enfim, ontem foi a noite de Martin Scorsese. Finalmente ele ganhou o Oscar de melhor diretor e Os Infiltrados ganhou melhor filme do ano. Mais do que merecido. Eu já tinha dito nesse blog que esse filme já nascia clássico e acho que era o melhor entre os cinco filmes concorrentes.


Algumas surpresas na noite, como Alan Arkin ganhando prêmio de ator coadjuvante por Pequena Miss Sunshine (deveria ter sido o Eddie Murphy por Dreamgirls), El Laberinto Del Fauno NÃO ganhar melhor filme estrangeiro (??????????) e nenhuma das músicas de Dreamgirls ganhar melhor canção, que foi para Melissa Ethridge e sua música para o documentário Uma Verdade Inconveniente.


Também, não entendi um Oscar que deram a uma produtora de Hollywood por seu trabalho humanitário, alguém pode explicar? Criaram agora uma nova categoria e ano que vem quem vai ganhar é a Angelina Jolie? Muito estranho....


Pelo menos, nesse ano, a Academia acertou e premiou o melhor filme, pra variar um pouco ;-)


See ya!

sexta-feira, fevereiro 23, 2007

Oscar Report – Mais um filme americano de guerra, só que falado em japonês


Buenas,

Após longas, longas e longas horas, consegui assistir Cartas de Iwo Jima (Letters from Iwo Jima, EUA - 2006), filme de Clint Eastwood sobre a famosa batalha da Segunda Guerra, vista da perspectiva japonesa. Sim, longas horas porque o filme tem desnecessários 140 minutos. Já comentei no post abaixo e volto a dizer, pra quê os americanos insistem em fazer esses filmes super longos?

Antes de começar a dizer tudo o que penso sobre esse filme, preciso esclarecer algumas coisas. Eu gosto do Clint Eastwood. Amei Sobre Meninos e Lobos (Mystic River, EUA – 2003) e também Os Imperdoáveis (Unforgiven, EUA – 1992), mas detestei Menina de Ouro (Million Dollar Baby, EUA – 2004). Ou seja, no caso do diretor, a opinião é imparcial, porque sei que ele faz filmes ótimos e outros nem tanto e Cartas faz parte dessa segunda categora (que me desculpem novamente os críticos, mas não gostei).

Mas Cartas de Iwo Jima é um filme de guerra americano. Só que falado em japonês. A idéia por trás desse filme foi mostrar o outro lado dessa batalha. Eastwood estava filmando A Conquista da Honra (Flags of our Fathers, EUA, 2006) e, durante a pesquisa para o filme, lendo as cartas que os soldados de Iwo Jima haviam escrito, resolveu mostrar o “outro lado”. O conceito é bom, ele quis mostrar a humanidade dos dois lados e como não há realmente um inimigo em uma guerra, que somos todos parecidos. Mas o resultado na tela é mais um filme americano de guerra.

Há algum tempo eu havia decidido (logo após ver O Resgate do Soldado Ryan, Saving Private Ryan, EUA - 1998) que não iria mais ver filmes de guerra americanos. Sinceramente não tenho mais estômago pra ver gente sendo destroçada (literalmente aos pedaços) durante combates e no final tudo se justificar porque os americanos estão defendendo o princípio da liberdade. Tá bom.

Apesar de tentar não cair nessa armadilha, Eastwood acaba mostrando uma guerra entre muita gente boazinha e honrada, que também parte do princípio que a guerra acontece por razões nobres, o que não é verdade. Além disso, o filme é desnecessariamente longo e um pouco absurdo. Segundo o filme, quando os japoneses estavam perdendo uma batalha, os soldados que sobravam não continuavam lutando, eles se matavam. Tem uma cena que mostra sete ou oito soldados japoneses se matarem com granadas. Cada um pega uma granada, solta o pino e aperta contra o peito, e nós vemos um monte de carne explodir pra todo lado. Sério, ele precisava mostrar um por um? Só um já dava uma idéia, né?

Fora que deve ter sido a batalha mais fácil do mundo para os americanos porque, segundo o filme, os japoneses não tinham água nem comida há dias, quando começavam a perder eles se matavam, além de serem bonzinhos e do comandante deles adorar os Estados Unidos. Então Clint, agora conta aquela do padre e do rabino.

See ya!!

quinta-feira, fevereiro 22, 2007

Oscar Report – Dreamgirls: Muita música e pouco filme


Buenas,

Um dos grandes concorrentes a prêmios Oscar desse ano é o filme Dreamgirls (EUA, 2006), com oito indicações. Esse fato impressiona a primeira vista, mas se levarmos em consideração que não concorre a melhor filme, melhor diretor, atriz e ator principais, já dá pra perceber que Dreamgirls não é uma obra prima. E realmente não é.

Dirigido por Bill Condom (o mesmo do premiado Chicago), o filme narra a trajetória de um grupo de cantoras americanas, desde os anos 50 até os 80, inspirado na história real de Diana Ross e The Supremes. Assim como no musical Chicago, o visual é deslumbrante – boas tomadas de câmera e figurinos maravilhosos, além de ter muita música boa. Mas o roteiro de Dreamgirls é cheio de furos, pequenas falhas que deixam o espectador confuso e aborrecido. Muitas transições e cortes do filme não fazem sentido, deixando a história cansativa e as atuações um tanto quanto estranhas. Nem vou falar do final, que é absolutamente nauseante.

Para quem gosta de Soul e R&B, as músicas do filme são ótimas. Bem, quase todas. A produção poderia ter economizado em tempo e em músicas, cortando uns 40 minutos de filme e umas três músicas desnecessárias. (Aliás, que acontece em Hollywood, os produtores ganham por minuto de filme? Nunca vi, filmes cada vez mais longos e bem chatos)

Justamente nas músicas é que dá pra perceber nitidamente a diferença de uma estrela como Beyoncé e uma candidata frustrada a American Idol como a Jennifer Hudson. A primeira canta, enquanto a segunda grita. Uma música em particular cantada por Hudson, “I am changing” é uma verdadeira tortura. É melhor ela se concentrar na carreira de atriz mesmo, e nem nisso ela é tão boa assim.

Fora a mediana Jennifer Hudson (desculpe a crítica, mas eu não achei ela nada disso), Beyoncé está linda como sempre e o ganhador do Oscar Jamie Foxx está péssimo (O que aconteceu com ele? Ganhou o Oscar e agora acha que não precisa mais se esforçar pra atuar?). O ponto alto do filme é a atuação de Eddie Murphy como James “Thunder” Early, personagem inspirado em James Brown. Esse sim, será um Oscar merecido. Murphy, que sempre faz comédias e filmes de ação, mostra aqui um lado mais profundo e sensível, principalmente quando a carreira de seu personagem começa a decair. Ele transmite a frustração e a derrota só com o olhar, provando que é ator de primeira linha.


See ya!!

Oscar Report - TIA – This is Africa, again


Buenas,

Outro dia assisti o ótimo filme O Último Rei da Escócia (UK, 2006), dirigido por Kevin MacDonald e estrelado por Forest Whitaker e James McAvoy (para quem não sabe, ele era o fauno em Crônicas de Nárnia, não que isso seja bom para o currículo).

O filme mostra o governo do ditador Idi Amin Dada, na década de 70 em Uganda, do ponto de vista de um jovem médico escocês que se tornou seu médico pessoal.

No final do filme, eu lembrei muito de Diamante de Sangue, especialmente da frase do personagem de Di Caprio, - “TIA – This is África”, usada sempre que são apontadas as mazelas e absurdos da sociedade em Serra Leoa. A Uganda de Idi Amin também é como um país em guerra – fome, pobreza, violência e populismo reinam no meio do caos. Acho importante que esses filmes estejam surgindo agora, assim como foi o caso de O Jardineiro Fiel no ano passado e Hotel Ruanda há dois anos, alertando as pessoas para uma situação que não pode mais continuar.

Voltando ao filme, o jovem e iludido médico escocês (aliás, McAvoy está ótimo no papel) acaba conhecendo o ditador por acaso e o impressiona com sua competência sob pressão. Ele passa a fazer parte do governo do ditador, alheio ao que realmente acontece no país, até que ele começa a descobrir a forma como Amin lida com seus desafetos, que são inúmeros.

No início, Amin conquista o médico (e espectador) com um charme inigualável. Ele é inteligente, engraçado e cativante. No decorrer do filme, a brilhante atuação de Whitaker mostra um Amin humano e ao mesmo tempo apavorante e monstruoso, sem nunca perder o charme inicial. Idi Amin é um daqueles psicopatas que seduzem e Whitaker o faz de forma tão sincera que ele realmente merece muitos prêmios por essa atuação.

O filme é bem educativo e divertido ao mesmo tempo, sem deixar de ser pungente. Boas atuações + um roteiro sólido e enxuto que deixa o espectador sempre interessado, é a fórmula vencedora do filme, coisa rara em filmes americanos da atualidade.

See ya!!

segunda-feira, fevereiro 12, 2007

Falar mal do Bush faz bem pra carreira


Buenas,

Parece que falar mal do George W. Bush faz bem para a imagem, para a carreira e também para a saúde! Foi isso que comprovaram as Dixie Chicks na cerimônia de entrega dos prêmios Grammy ontem à noite, levando 5 das principais categorias, incluindo Álbum do Ano e Canção do Ano.

Para quem não sabe ou não lembra, as Dixie Chicks, grupo moderninho, só de meninas de música country americano, declararam em um de seus shows em 2003, que estavam envergonhadas pelo fato do presidente Bush ser texano, assim como elas. Na época, esse comentário rendeu o maior bafafá. Como a maior dos fãs de country nos EUA é gente branca de cidades do interior do país, votantes do Sr. Bush, muitos boicotaram a banda e fizeram cerimônias públicas de destruição dos CDs das meninas. Naquela época, para grande parte da população americana, quem era contra a guerra, era a favor dos terroristas e elas foram até ameaçadas de morte!

Foi um período ruim para elas. No início elas tentaram negar e jogar panos quentes, mas depois assumiram a postura anti-Bush e voltaram com um novo disco melhor ainda que os anteriores. Não sou fã de música country, mas as as garotas de Dixie tendem para o pop/rock e algumas coisas são bem bacanas. O mais recente CD, premiado com Grammy de Álbum do Ano, “Taking the long way” (Usando o caminho mais longo) e a música que ganhou Canção do Ano, “I ain’t ready to make nice” (Não estou pronta para fazer as pazes), traz a controvérsia de volta à tona. E pelos Grammy’s que ganharam ontem, valeu a pena.

Por isso, mesmo não sendo fã de country, digo “Viva as Dixie Chicks e abaixo o George Bush!!!”

Fora toda a controvérsia, a cerimônia até que teve algumas apresentações legais e o melhor da noite, é claro, foi a reunião do The Police, banda antológica dos anos 80, que eu amo de paixão!

Depois disso, precisava mais alguma coisa?


(eu acho que não, mas ainda teve Mary J Blidge ganhando merecidos prêmios de R&B, Justin Timberlake trazendo sexyback, Red Hot Chilli Peppers tocando sei-lá-o-quê, Christina Aguilera fazendo cover do James Brown e tantos outros, até Lionel Richie cantando "Hello", pode?)

See ya!!

sexta-feira, fevereiro 09, 2007

WA WA WEE WA!!! – A grande pegadinha


Buenas,

Na terça fui à pré-estréia da comédia mais esperada dos últimos tempos – Borat – Cultural Learnings of America to Make Benefit Glorious Nation of Kazakhstan (UK, 2006). Desculpem, eu me recuso a usar o título em português porque é bastante imbecil e não tem nada a ver com o original. Aliás, isso deve dar um post a parte, já que os títulos de filme aqui no Brasil são um terror, nunca têm nada a ver com o original e tentam descrever o filme.

Enfim, voltando para o Borat. No melhor estilo pegadinha, devo dizer que esse é uma das melhores comédias já feitas, lembrando muito os pastelões engraçados e inteligentes do Peter Sellers (Um convidado bem trapalhão e A pantera cor de rosa).

O primeiro ‘mockumentary’ (uma expressão que une gozação – mocking – com documentário – documentary) da história, o filme mostra um repórter do Cazaquistão que é enviado para os EUA para fazer matérias e aprender sobre a cultura deles. Na verdade Borat é um dos personagens do ótimo Sacha Baron Cohen, um comediante inglês que já criou Ali G, um apresentador de programa de entrevista branco metido a gangsta rapper e extremamente burro, e Bruno, um repórter gay de moda austríaco que irrita todos os seus entrevistados. Todos os tipos dele são sensacionais, mas o legal é que quando ele encarna o tipo, ele dá todas as entrevistas e só aparece como se fosse o personagem.

Como Borat, Cohen mostra um Cazaquistão inventado, um país atrasado que mais parece uma paródia estilo TV Pirata. Ele vai para os EUA e filma diversas reportagens e interações com americanos insuspeitos, que realmente acreditavam que estavam participando de um programa de TV do Cazaquistão. Tanto que, muitos desses caras que aparecem no filme estão processando Cohen e pedindo indenizações (claro, se o filme tivesse sido um fracasso, os caras não estavam nem aí, mas como é um tremendo sucesso e está fazendo milhões...)

Quando interage com os americanos, Borat se mostra um racista com costumes absurdos. No início, as pessoas aceitam e até concordam, mas quando ele exagera as pessoas acabam chamando a polícia. O filme provoca e, ao mesmo tempo em que tem um humor ácido e uma crítica social, tem cenas de humor pastelão, patéticas, como a arrebatadora luta de Borat com seu produtor, ambos pelados em um hotel. É impagável, de passar mal de rir.

Very naaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaice!

See ya!!!

PS – Vale lembrar que Borat já era um personagem do programa do Ali G e muitas de suas entrevistas que podem ser vistas no http://www.youtube.com/ não estão no filme.

quinta-feira, fevereiro 08, 2007

Um prazer inesperado


Buenas,

Lá estava eu ontem em casa, mudando de canal para ver o que assistir depois de American Idol, quando me deparei com uma preciosa surpresa na HBO - o filme Espanhol/Cubano Habana Blues (2005) estava começando a passar.

O filme conta a história de dois músicos cubanos, Ruy e Tito, grandes amigos que cresceram tocando juntos e buscam uma oportunidade de mostrar suas músicas. Enquanto eles preparam seu primeiro grande show em um teatro histórico, quase abandonado, em Havana, eles conhecem produtores espanhóis que procuram talentos desconhecidos para lançar no mercado espanhol. Além deles mostrarem sua música para os espanhóis, acabam mostrando várias outras bandas, uma cena musical de Havana que tem desde rock pesado, hip hop, pop e salsa.

Habana Blues mostra as vidas dos dois, seus relacionamentos com as respectivas famílias, sua luta por serem músicos e a amizade que desenvolvem com os espanhóis. Unido boa música, alto astral e sensibilidade, o filme mostra um outro lado de Cuba que pouco tem a ver com o regime comunista.

As bandas são muito bacanas e as músicas do filme realmente encantam. Mas não é só isso que faz de Habana Blues uma delícia. A história também mostra como as nossas escolhas que nos levam a lugares inusitados na vida são o que nos definem e nos tornam únicos.

Fui dormir feliz ;-)

“Yo nací Orishas en el underground, oye si de cayo hueso si tu bare.”

“Represent, represent,
Cuba, orishas underground de havana
represent, represent
Cuba, hey mi musica”

See ya!!!